sexta-feira, 29 de abril de 2011

Radiação de celular pode interagir com tecidos humanos de forma nunca antes considerada

O Los Alamos National Labs é geralmente associado com bombas eles criaram a bomba nuclear detonada em Hiroshima e Nagasaki e a bomba que eles jogaram hoje também deve ser arrasadora. Figurativamente falando, claro: hoje eles trabalham mais com saúde e medicina. A controvérsia sempre presente quanto ao efeito dos sinais de celular em tecidos biológicos ressurgiu hoje, através de um pesquisador de Los Alamos. Ele diz que as microondas emitidas por celulares podem interagir de uma forma completamente nova, que ainda precisa ser compreendida.

Claro que há dois lados para debate aqui: um que cita evidências mostrando que sinais de celular podem influenciar o comportamento e a saúde humana; e o outro lado, que afirma não haver indício, nas evidências epidemiológicas, de que a exposição ao sinal de celular seja correlacionado a consequências na saúde.

Só que há um argumento especialmente potente para afirmar que celulares são seguros: os fótons das micro-ondas não têm energia o suficiente para quebrar ligações químicas. E se eles não conseguem quebrar ligações químicas, então eles não podem danificar tecidos biológicos. Para muitos médicos, isso encerra o caso.

Mas Bill Bruno, biólogo teórico de Los Alamos, discorda. O argumento básico é: os fótons podem, sim, ter energia o bastante para interferir em tecidos humanos. A ideia tradicional só vale quando a densidade de fótons é baixa (menor que um); quando a densidade é maior, os fótons podem interferir de maneira construtiva – isto é, os efeitos podem se combinar e interagir de maneira mais forte que o normal. (Se você quiser todos os detalhes da ciência por trás do que ele afirma, o link para o trabalho dele está no final do post.)

Bruno cita pinças óticas como exemplo. Pinças óticas usam fótons para manipular objetos bem pequenos, como células, e sabemos que elas podem causar danos a estruturas. Isto é bem documentado. E isso acontece porque os fótons são concentrados: quanto mais fótons, maior a força (e maior o possível dano).

Pinças óticas funcionam geralmente no comprimento de onda da luz infravermelha; como as micro-ondas do celular têm outra frequência, o efeito dos fótons poderia ser diferente. Mas elas levantam a questão: será que os fótons das micro-ondas podem agir da mesma forma que nas pinças? Porque uma coisa é clara: a densidade de fótons nos sinais de celular são muito maiores do que um. Então, segundo Bruno, há um mecanismo pelo qual poderiam ocorrer danos, e as condições para este mecanismo funcionar estão presentes entre celulares e torres de celular.

Nada disso significa que os fótons das micro-ondas estejam necessariamente prejudicando seus neurônios. Mas isto acrescenta mais um ponto de debate à polêmica, e é um motivo de preocupação e tema para estudos futuros. No mínimo, Bruno diz que o argumento de que micro-ondas não podem alcançar a força necessária para quebrar ligações químicas não é mais o bastante para desconsiderar a ideia de que celulares podem prejudicar tecidos biológicos.

Fonte: Gizmodo