terça-feira, 16 de agosto de 2011

TV conectada disputa interatividade com TV digital

A TV conectada, ou o acesso a internet pela rede IP na TV, ganha fôlego no país e está sendo vista como uma alternativa concreta para o avanço da interatividade, que continua patinando na TV digital aberta. A convivência entre os dois modelos é vista hoje como a opção mais viável no mercado brasileiro. "A TV conectada não exclui a TV aberta interativa", afirmou Roberto Franco, presidente do Fórum SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital).

Algumas empresas de software brasileiras já preferem se dedicar com exclusividade às SmartTVs, pois suas vendas crescem em todo o mundo, enquanto a interatividade na TV aberta está em maior evidência apenas na Argentina. Segundo o presidente da HXD, José Salustiano Fagundes, as TVs conectadas representarão 25% da produção total de televisores em todo o mundo no final deste ano, e o Brasil também acompanhará esta tendência. "Nossos clientes estão levando seus projetos para outras tecnologias por uma necessidade do mercado", afirmou. Cerca de 70% dos aplicativos desenvolvidos pela HXD são voltados para a TV conectada, e não para o padrão Ginga.

A indefinição do governo brasileiro na adoção do Ginga como padrão para a interatividade e a resistência dos radiodifusores comerciais não desanimam a Totvs, que já desenvolveu diferentes aplicativos para o Banco do Brasil e UOL, além de ter desenvolvido o middleware com o padrão nacional. "Estamos investindo R$ 5,8 milhões na produção de conteúdo para a TV digital", afirma David Britto, diretor de estratégia de tecnologia da empresa.

Para Roberto Franco, o avanço das TVs conectadas não anula a interatividade na TV digital aberta, pois as tecnologias são complementares. "A interatividade da TV conectada é fragmentada", disse sobre os aplicativos exclusivos para SmartTVs de diferentes fabricantes, comparando com o conteúdo interativo transmitido pela TV aberta, que é o mesmo para todos os equipamentos. Para Franco, a interatividade não é essencial à TV digital, mas uma opção do consumidor.

Marcello Zuffo, supervisor do grupo de pesquisa LSITec da USP, por sua vez, diz ter-se se rendido à realidade do mercado brasileiro. E, se antes defendia que o governo tornasse obrigatória a adoção do Ginga nos conversores brasileiros, mudou de opinião. “O problema não está nas fabricantes nem no governo, o problema são as emissoras, que não criam conteúdo interativo”, avalia.

Já o presidente da HXD defende a obrigatoriedade do padrão Ginga. Ele afirma que o Brasil já tem uma base instalada de 2,7 milhões de TVs com conversor digital embarcada com Ginga, número suficiente para que houvesse um interesse maior da indústria em investir em aplicativos para a tecnologia. “O Ginga está preparado, mas não há demanda de mercado”, disse.

Segundo o executivo, há cerca de 14 aplicativos Ginga no ar como a função de interatividade do reality show A Fazenda 5, da Record -, muitos dos quais pouco acrescentam à programação e são raramente atualizados. Ele compara a oferta com a da Argentina, que adotou o mesmo padrão de TV Digital do Brasil, além da tecnologia brasileira de interatividade, e já avançou mais que o país nesse quesito.

Fonte: Embrasec