segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Veja como funcionam os e-readers, candidatos a substitutos dos livros

O nome é Feira do Livro ("Frankfurter Buchmesse"), mas o maior evento editorial do planeta, que terminou ontem (19), deu este ano amplo destaque àqueles que pod
em se tornar os algozes das páginas impressas entre duas capas: os "e-readers".

Leves e com capacidade para armazenar centenas ou milhares de livros, os aparelhos prometem tornar um formato relativamente antigo e impopular, o "e-book" (um é o conteúdo, outro é o aparelho), no novo padrão para o lançamento de textos longos.

Segundo a própria organização, os livros "tradicionais" já não são nem maioria na feira, representando apenas 42% de tudo que é exposto. Outros 30% são ocupados por produtos digitais, incluindo e-books e e-readers (ainda em pequena quantidade, por serem novidade na Alemanha), softwares para controlar as etapas de produção editorial e sites para encontrar leitores com gostos parecidos em uma mesma cidade. 

A porcentagem restante é formada por serviços variados como capas protetoras para qualquer tamanho de livro, gráficas velozes para produção "on demand" (imprimem apenas o que for vendido), audiolivros e modelos arrojados de estantes para livrarias, entre outros.

Mas foram os e-readers, de fato, que despertaram maior curiosidade em Frankfurt. O trunfo dos aparelhos é a tecnologia de "tinta elétrica", que forma as letras no visor em contraste com um fundo claro. O resultado, sem a luz de fundo dos computadores e celulares, é uma legibilidade muito maior, que não cansa a vista durante a leitura, com a vantagem de o texto pode ser mostrado em diversos tamanhos. 

Por outro lado, a tecnologia atual permite apenas imagens em preto e branco, e um "defeito" dos livros acabou sendo copiado: não dá pra ler nada no escuro.

O "MP3" dos livros
O funcionamento dos e-readers é praticamente o mesmo dos aparelhos de MP3: basta plugá-lo no computador via USB e colocar um arquivo de texto na memória interna. Quase todos os aparelhos no mercado, inclusive, são também tocadores MP3, e softwares podem transformar qualquer e-book em audiolivro com facilidade.
 

Os problemas que o MP3 causou no mercado fonográfico também começam a se refletir no mercado editorial: apesar do formato .ePub, que deve se tornar o padrão dos livros vendidos pela Internet, vir embutido com tecnologia de proteção DRM (que limita o número de cópias e impede a impressão do texto), editores são céticos quanto à capacidade de controle da pirataria digital.

Entusiastas do produto como a Amazon.com, que tem seu próprio modelo de e-book, o Kindle, esperam que um "efeito iPod" possa aquecer um mercado ainda pouco representativo, mas com potencial imediato para a área acadêmica, por exemplo - na qual além de pesados, os livros requerem atualização constante e dispendiosa. 

O mercado de ficção também dá sinais de ser promissor: em 2007, de acordo com dados do jornal "The Economist", a literatura "keitai" (romances para serem lidos no celular) movimentou 10 bilhões de ienes no Japão, cerca de US$ 82 milhões em valores da época.

Readius
Ainda em fase de protótipo, o Readius (foto ao lado), da holandesa Polymer Vision tem o atrativo de ser realmente portátil - pouco maior que um maço de cigarros - e o charme de ter uma tela que pode ser "dobrada" sem parar de funcionar, enrolando-se no próprio leitor. No protótipo testado, a tela era um tanto escura e a navegação, que exige que se use o dedão para avançar o texto, pode tornar-se cansativa para um número grande de páginas. 

Não há preço nem data de lançamento definida, mas o site do produto promete 30 horas de bateria, conexão com internet 3,5G, bluetooth e memória interna de 256 MB, pesando 115 gramas.

iLiad
O e-reader iLiad (foto ao lado), da holandesa iRex, foi o primeiro a entrar no mercado europeu, em parceria com a livraria Borders, e utiliza tecnologia Linux, que permite desenvolvimento de terceiros. Apesar de irritantemente lento (tem 64 MB de RAM), é o que permite uma leitura mais agradável, com uma tela grande, clara e sensível ao toque.

Uma caneta embutida no aparelho permite que se façam anotações nas páginas, que ficam salvas no arquivo e podem depois ser apagadas. O sistema de avanço do texto não é dos mais brilhantes (uma grande barra que é empurrada com o dedão), mas pelo menos não cansa. Pesando 435 gramas, o iLiad vem com alto-falantes embutidos, 256 MB de memória interna (expansível com cartão flash ou USB), wi-fi, bateria recarregável e custa US$ 600 nos EUA.


Sony Reader PRS 505
A empresa de eletrônicos anunciava em Frankfurt o lançamento alemão de seu e-reader, que já foi lançado nos EUA e Reino Unido, para o primeiro semestre de 2009. Simples, o Sony Reader PRS 505 (foto ao lado) tem controles laterais para selecionar as opções e setas para a esquerda ou direita para o avanço das páginas.

A navegação vertical e horizontal do texto funciona bem, e a tela tem ótima definição. A memória interna é bastante pequena (20 MB), suportando "apenas" 160 livros, mas pode ser expandida com cartões. A bateria, segundo o fabricante, dura 7.500 viradas de página, e o preço médio de venda na Europa é de 300 euros.

JetBook
Dos modelos disponíveis para teste em Frankfurt, o JetBook (foto ao lado) é o único que não utiliza a tecnologia de "tinta eletrônica", optando por uma tela LCD monocromática um pouco menor que a dos concorrentes, o que lhe dá um aspecto de minigame antigo. Como vantagem, a mudança de página é rápida e não dá a "piscada" necessária para a tinta eletrônica limpar a tela.

O sistema de mudança, um botão que sobe e desce, também é o melhor dos quatro, mas o acabamento de baixa qualidade não inspira muita confiança. A fabricante, Ectaco, de Nova York, é especializada em dicionários eletrônicos e embutiu uma função de tradução no aparelho (inglês, russo e polonês), além de um prático sistema de busca. No site do produto, a preocupação com copyright não parece ser muito grande: "Peça qualquer título para nós que encontraremos e mandaremos para você". Pesando 210 gramas, com 128 mega de memória (expansíveis) e bateria para 11,500 viradas de página, o JetBook está sendo vendido na feira por 250 euros (mas o preço do fabricante é 300 euros).

Fonte: uol