domingo, 4 de março de 2012

WikiLeaks revela e-mails de clientes da Stratfor


A empresa privada de inteligência norte-americana Stratfor foi paga pela Coca-Cola para avaliar a possibilidade de ameaça de protestos durante os Jogos Olímpicos, passou informações à Dow Chemical sobre ativistas pelo meio ambiente e vende o que clientes e assinantes consideram uma das melhores análises geopolíticas que o dinheiro pode comprar.Agora, o centro de estudos sediado no Texas é o maior alvo do editor-chefe e fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que afirma que seu grupo tem mais de 5 milhões de e-mails da Stratfor e promete publicá-los nas próximas semanas.

Uma pequena parcela de documentos publicados na segunda-feira, não mostrou nada muito interessante, mas revelou os nomes de clientes que a Stradfor há muito mantinha em segredo e se recusava a divulgar. Esses clientes vão de universidades a megacorporações como Coca-Cola, que aparentemente se preocupava com a possibilidade de defensores dos direitos dos animais promoverem tumultos e prejudicarem as Olimpíadas de Inverno em Vancouver, no Canadá, em 2010. "Em que medida os integrantes da entidade norte-americana PETA podem viajar para o Canadá para participar de atos ativistas?", perguntou um gerente da Coca-Cola a um analista da Stratford num e-mail de 2009.

Um exame inicial dos e-mails mostrou uma mistura de informações inócuas e constrangedoras. Mas Assange acusou Stratfor de ações sérias, como enviar dinheiro para informantes por meio de paraísos fiscais, monitorar grupos ativistas em nome de grandes corporações e de fazer investimentos tendo como base sua própria inteligência secreta.

"O que descobrimos foi a existência de uma empresa que é uma Enron do setor de inteligência privada", disse Assange ao Frontline Club, grupo londrino que defende o jornalismo independente, referindo-se à gigante texana do setor de energia cuja falência espetacular se transformou em sinônimo de má conduta corporativa.

A Stratfor negou que haja qualquer coisa imprópria com a forma como lida com seus contatos. "A Stratfor trabalha para conseguir boas fontes em muitos países ao redor do mundo, como qualquer editora de análise geopolítica faria", disse a empresa em comunicado. "Nós temos feito isso de uma forma direta e estamos comprometidos em alcançar os mais altos padrões de conduta profissional."Sediada no quarto andar de um prédio no centro de Austin, a Stratfor deve ser um dos menores alvos atingidos pelo WikiLeaks. Fundada em 1996, a empresa tinha cerca de 40 funcionários em tempo integral em Austin em 2008 e regularmente contrata estagiários da Universidade do Texas, que fica nas proximidades.

Segundo um dos documentos internos da empresa divulgados pelo WikiLeaks, a empresa afirma ter 292 mil assinantes pagos, mas reconhece que o número verdadeiro de pessoas que realmente leem seus produtos é bem menor. A Stratfor usa analistas para vasculhar a internet em busca de informações abertas, que possam usar para determinar onde a próxima crise mundial pode ter início.

Fonte: Tribuna do Norte