quarta-feira, 20 de junho de 2012

Ufersa usa robôs como ferramenta de aprendizado para estudantes de escolas públicas de Mossoró/RN

"Sem um fim social, o saber será a maior das futilidades". Parafraseando o sociólogo Gilberto Freyre, o professor Francisco Vidal explica a filosofia do Projeto de Extensão que ele coordena na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). Intitulado "Inclusão Digital Utilizando a Robótica Educacional", o projeto visa incluir socialmente e digitalmente crianças da rede pública através do ensino da Robótica.

Segundo Vidal, para que essa meta seja alcançada, o projeto inclui a participação de uma equipe de aproximadamente 20 estudantes do curso de Ciência e Tecnologia - BCT - da Ufersa. Essa equipe foi treinada entre os dias 15 e 17 de junho por um grupo de estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, instituição que concebe o mesmo projeto na região de Natal.
 
"O objetivo desse treinamento, que marca o primeiro momento do projeto, foi habilitar os nossos alunos do BCT para que esses se tornem agentes multiplicadores de oficinas de robótica educacional nas escolas públicas de Mossoró", explica o professor da Ufersa. As oficinas, ainda de acordo com o professor, possibilitarão dois resultados.
 
O primeiro será as oficinas, que permitem desenvolver metodologias educacionais para o ensino de conteúdos multidisciplinares usando robôs. "Com eles [robôs], os alunos do ensino básico passam a trabalhar a ciência de forma lúdica. As disciplinas como física, química e matemática ganharão novas metodologias, o que despertará o desejo desses jovens pela ciência e, em extensão, pela entrada na Universidade", pontua Francisco Vidal.
 
Outro fruto oriundo das oficinas será a divulgação da Olimpíada Brasileira de Robótica - OBR, que abrangerá, em níveis estadual, nacional e internacional provas escritas e práticas sobre a robótica e a informática. "Ofereceremos treinamento para que os alunos de escolas públicas participem da Olimpíada, que em nível estadual já acontece no mês de agosto", esclarece o professor, explicando ainda que durante os treinos nas escolas serão usados dois "Kits de Robótica Educacionais", interinamente doados pela UFRN.

ROBÔS
Com o treinamento, os estudantes da Ufersa tiveram a oportunidade de conhecer os "Kits de Robótica Educacionais", conjunto de peças que possibilitam as múltiplas formas de montagem dos robôs. Segundo o professor Aquiles Burlamaqui, doutor em engenharia de computação da UFRN e coordenador nacional da OBR, o projeto existe há cinco anos e já possibilitou resultados positivos em Natal. "Os softwares usados nos kits possibilitam a participação de crianças de até quatro anos, o que facilita o ensino a partir desses componentes", explica Aquiles.
 
Os robôs são comandados por cinco níveis de programas, sendo um mais simples e cinco mais complexos. Sobre os aspectos físicos, Aquiles explica que cada kit custa cerca de R$ 1.800. Entretanto, o professor anuncia que já existe outro projeto da UFRN para baratear e popularizar o uso do equipamento nas escolas ou mesmo no âmbito doméstico.
 
Para capacitar os estudantes da Ufersa, estão sendo usados quatro kits (robôs) da UFRN. Segundo Marié Beltrão, uma das estudantes da UFRN e monitora da capacitação, cada kit possui uma "CPU", três motores e quatro sensores. Os comandos, por sua vez, podem ser repassados via bluetooth, a partir de um computador, ou mesmo pré-programados.
 
Para Aparecida Bezerra, estudante da Ufersa que participa do projeto, essa é uma oportunidade única para os alunos das escolas públicas reverem o quanto é importante e divertido aprender, por exemplo, as disciplinas de física e matemática. "Além disso, o projeto serve como vitrine do nosso curso de Ciência e Tecnologia", completa Aparecida.

VISITA
Também durante a capacitação dos estudantes da Ufersa, a Escola Estadual Monsenhor Raimundo Gurgel foi à primeira instituição a ser contemplada pelo projeto. A escola, que oferece os ensinos fundamental e médio, foi o local onde o professor Francisco Vidal estudou durante o ensino básico, fato que para a diretora do colégio, Jandira Maria, torna-o um exemplo para os atuais estudantes. "Além disso, o projeto é bastante importante, porque vai despertar ainda mais o interesse dos nossos alunos para o estudo e a entrada na Universidade", opina Jandira.
 
Na sala de vídeo da escola, os estudantes puderam conhecer, com a apresentação do professor Bulamarqui, o projeto, a Olimpíada e os robôs, este último gerando admiração entre os alunos. "Entre eles, estava Luana Yasmim, do oitavo ano. Sonhando um dia se tornar advogada e se dizendo amante da matemática, a jovem se interessou em participar das oficinas da Ufersa. "A forma dele [robô] se movimentar sem precisar de controle é muito interessante", considerou Luana, adiantando que vai participar e representar à escola na Olimpíada.

Fonte: Jornal O Mossoroense