segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Nova tecnologia transforma vírus em ferramentas valiosas

Pesquisadores demonstraram um processo simples onde vírus geneticamente modificados se organizam em padrões extremamente ordenados com propriedades distintas, como cor ou força. Essa técnica poderia ser usada para criar novos dispositivos óticos, ou armações biológicas para cultivar tecidos macios, dentes e ossos.

Os pesquisadores, liderados por Seung-Wuk Lee, professor de engenharia biológica da Universidade da Califórnia, em Berkeley, usaram a técnica para fazer filmes estruturados. "Queremos imitar a natureza e criar diversos tipos diferentes de estruturas funcionais, usando um bloco de construção muito simples", diz Lee.

Esse trabalho é parte de um esforço mais amplo para criar novos tipos de materiais usando vírus como tijolos microscópicos. Pesquisadores do MIT, liderados por Angela Belcher, professora de engenharia biológica e ciências materiais, já desenvolveram vírus para se unirem a materiais inorgânicos algo que eles nunca fariam naturalmente, e fizeram com que eles se organizassem em componentes de baterias.

Lee e seus colegas descobriram uma forma de ajustar a organização de vírus individuais para criar estruturas sofisticadas, com complexos desenhos, tudo por conta própria. Usar um único vírus como unidade de construção é "bastante requintado", afirmou Belcher, pois suas características podem ser geneticamente modificadas, e pode-se prender muitos materiais úteis à sua superfície. O aspecto mais importante do novo trabalho, que foi publicado na revista "Nature", é o controle preciso sobre a automontagem viral, resultando em estruturas de grande escala com diversos níveis de organização. "Esse é um trabalho maravilhoso", disse ela. "Pode-se fazer muito com um único vírus."

Em seu trabalho, os pesquisadores usaram um vírus bacteriano em formato de bastão, chamado M13. Primeiro, eles mergulham uma folha plana de vidro em uma solução salina contendo os vírus. Conforme puxam lentamente o vidro para fora, em velocidade controlada, os vírus se configuram espontaneamente em padrões ordenados na superfície. "A automontagem é algo difícil de obter de maneira sistemática, mas o que os autores desenvolveram mostra uma rota potencialmente poderosa para fazer isso", explicou George Schatz, professor de química da Northwestern University.

Fonte: The New York Times News Service/Syndicate